A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é uma doença de alta prevalência no Brasil, acometendo 30% da população nos últimos 20 anos. A HAS é considerada um dos mais importantes problemas de saúde pública, além dos altos índices de internação, gerando elevados custos médicos e socioeconômicos, sendo responsável por cerca de 40% dos casos de aposentadoria precoce e absenteísmo. No Brasil, as doenças cardiovasculares ocupam 70% dos casos de mortalidade. Um dos fatores de risco para a HAS é o sedentarismo, estando bem estabelecida a ocorrência de uma maior taxa de eventos cardiovasculares e mortalidade nos indivíduos com baixo nível de condicionamento físico. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), adultos entre 18 a 64 anos, devem praticar pelo menos 150 minutos de atividade física moderada ou 75 minutos de atividade intensa por semana para a redução de doenças cardiovasculares, diabetes, câncer e depressão. No entanto, estima-se que 31% da população mundial acima dos 15 anos tem baixo nível de atividade física, o que pode desencadear as doenças crônicas como a hipertensão. A modificação deste fator de risco através da prática de exercícios físicos é uma medida efetiva, de baixo custo e não farmacológica.
Os efeitos fisiológicos do exercício físico podem ser classificados em agudos imediatos, agudos tardios e crônicos. Os efeitos agudos imediatos acontecem durante ou imediatamente após o exercício e são eles: o aumento da frequência cardíaca, da ventilação pulmonar e da sudorese. Os efeitos agudos tardios ocorrem entre 24 a 72 horas após exercício físico onde ocorrerem: discreta redução dos níveis tensionais, especialmente nos hipertensos, melhora da função endotelial e aumento da sensibilidade insulínica na musculatura esquelética. Os efeitos crônicos são resultantes da exposição regular às sessões de exercícios, diferenciando um indivíduo fisicamente ativo do sedentário, como: bradicardia de repouso, hipertrofia muscular, hipertrofia ventricular esquerda fisiológica, aumento do consumo máximo de oxigênio (VO2 máx), aumento da angiogênese e do fluxo sanguíneo para os músculos esqueléticos e cardíaco.
O método Pilates é um exercício resistido de baixa intensidade e indicado para os hipertensos em complemento ao treinamento aeróbio. Os exercícios do método são seguros e adaptados individualmente. Estudos comprovam que método Pilates além de melhorar a qualidade de vida, também diminui a frequência cardíaca, a frequência respiratória e o estresse, este também é um fator de risco para a HAS. Um recente estudo avaliou o efeito do Mat Pilates na pressão arterial de mulheres hipertensas medicadas e concluiu que o Pilates melhorou significativamente a PAS, PAD e PA média (PAM) quando comparadas ao grupo controle (Martins-Meneses et al., 2015).
Veja quais são os cuidados que o instrutor de Pilates deve ter ao atender um aluno hipertenso:
– Atestado médico com liberação para exercícios resistidos ou específico para a prática do Pilates;
– Aferir a PA antes, durante e após a sessão de Pilates;
– Se o aluno tiver algum desconforto durante a sessão, comunicar imediatamente ao instrutor;
– Evitar o posicionamento da cabeça abaixo da linha cardíaca;
– Evitar exercícios em excesso para MMSS; e
– Evitar respirações rápidas, curtas e a apnéia, pois aumentam os níveis pressóricos.
Érika Barroso Batista
CREFITO 167261-F
Mestre em Ciências da Reabilitação
Professora do Grupo Voll
Professora do FisioStudio Pilates & Treinamento Funcional
Referências:
American College of Sports Medicine. Position Stand: Exercise and Hypertension. Medicine & Science in Sports & Exercise, v. 36, n. 3, p. 533-553, 2004.
IV Diretriz Brasileira de Hipertensão. Sociedade Brasileira de Hipertensão; Sociedade Brasileira de Cardiologia; Sociedade Brasileira de Nefrologia, 2010.
World Health Organization [Internet]. Global recommendations on physical activity for health. Geneva, 2010 [cited 1 Mar 2014]. Available from: <http://whqlibdoc.who.int/ publications/2010/9789241599979_eng.pdf>
Martins-Meneses D.T; Antunes H.K.M.; Oliveira N.R.C; Medeiros A. Mat Pilates training reduced clinical and ambulatory blood pressure in hypertensive women using antihypertensive medications. International Journal of Cardiology, vol 179, pag 262-268, 2015.
Forjaz C.L.M; Rezk C.C; Melo C.M; Santos D.A; Teixeira L; Nery S.S; Tinucci T. Exercício resistido para o paciente hipertenso: indicação ou contra-indicação. Rev Bras Hipertens vol 10(2): abril/junho de 2003.
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