A diástase do abdome é uma disfunção muito frequente na prática clínica, muitas das vezes ela é sub diagnosticada e pode comprometer algumas funções como a manutenção da postura, aumento da dor cervical e lombar, assim como propensão à incontinência urinária.

A diástase é caracterizada pela separação não fisiológica dos músculos reto do abdome, chamada de linha alba. Este feixe de tecido fibroso é composto por colágeno e seu reparo é dado pela produção de fibroblastos acelerado pelo movimento físico.

A distensão do reto do abdome acima de 2 cm é frequente principalmente a partir no terceiro trimestre gestacional, contudo, a diástase não está presente apenas nas mulheres puérperas. Ela pode ocorrer inclusive em homens que apresentam abdome proeminente e até mesmo em indivíduos que fazem abdominais sem orientação profissional adequada.

A diástase pode ser classificada pela sua localização:

  • Supra umbilical, esta é mais frequente e é caracterizada pelo abdome “alto”;
  • Umbilical; e
  • Infra umbilical

Mas esta disfunção vai muito além da estética, apesar de alguns procurarem por este motivo, a diástase tem um componente disfuncional, considerando que o abdome é o nosso centro gravitacional, o núcleo miofascial e a estrutura de contenção dos órgãos abdominais e pélvicos, de sustentação da coluna e do assoalho pélvico, imagina quais consequências esta ruptura pode desenvolver nos pacientes até mesmo relacionado à constipação.

Este é um tema que todo o profissional do movimento deveria dar importância e saber como atuar para sua redução e, até mesmo evitar a piora do quadro com exercícios contra-indicados, inclusive durante a gestação.

Muitos pacientes e profissionais da saúde pensam que o tratamento da diástase é apenas cirúrgico, mas o tratamento conservador até 4cm quando bem orientado tem excelentes resultados, desde que o paciente se comprometa nas tarefas de casa diárias. Medidas acima de 4 cm geralmente requerem tratamento cirúrgico.

Será que você tem diástase? Como saber?

Este é um teste simples para avaliar a diástase do abdome. Deite se de barriga para cima – decúbito dorsal com as pernas flexionadas e os pés apoiados no solo, suba o tronco como se fosse fazer um abdominal tradicional, chamados de crunch e palpe no centro do seu abdome desde o início das costelas (processo xifóide) até o púbis com 2 dedos na vertical, caso seus dedos afundem mais que esta distância, você pode apresentar diástase. Porém, o exame mais fidedigno é a ultrassonografia -USG do abdome e até comparar após o tratamento.

Outra dúvida frequente dos pacientes acometidos com diástase é sobre o tempo que se apresenta, será que ter tido o bebê há 5, 7 ou 10 anos fazem diferença na sua regressão? Será que mesmo após longos períodos ela pode regredir? Claro que quanto mais precoce a intervenção, mais rápidos serão os resultados. Isso não significa que quem apresenta diástase há anos não possa se beneficiar, mas vai precisar de um pouquinho mais de paciência.

O estudo randomizado de Gluppe et al., 2018 avaliou os efeitos dos exercícios abdominais em 175 mulheres com diástase e os autores não encontraram diferença entre o grupo controle na melhora da diástase.

Contudo, os exercícios miofasciais respiratórios que ativam músculos profundos como o transverso do abdome, oblíquo externo e interno que têm conexão com a linha alba como ilustrado na figura abaixo são excelentes ferramentas para a melhora da diástase.

Além disso, exercícios de normalização da pressão intra-abdominal são boas ferramentas para a regressão do quadro, e não se engane, a diástase não melhora com exercícios abdominais tradicionais e pode até piorar a distensão. Procure um profissional capacitado neste tema.

Aproveito para deixar uma foto pessoal antes e depois de 18 dias de prática respiratória e exercícios de normalização da pressão intra-abdominal quando estava com 5 meses de pós parto, tive diástase de 4cm comprovada por USG e após alguns meses de prática, cheguei a ter apenas 1,70 de diástase supra umbilical.

Diástase tem tratamento. Cuide se!

Érika Batista é fisioterapeuta Mestre em reabilitação e atende no FisioStudio Pilates & Fisioterapia localizado na Rua Joinville, 157, Vila Mariana, São Paulo/SP.